domingo, 4 de janeiro de 2009

Meus pés sobre a varanda!

O parapeito da varanda recua.
As pontas dos meus pés já não tocam mais o chão.
Meu corpo vai em sentido oposto à queda.
As asas que um dia pousaram de um belo vôo buscam novos vislumbres.
O vento que toca meus cabelos carrega o aroma de jasmim e amêndoas.
Cheiro de terras muito além da minha visão.
Meu coração busca um lar por planícies existentes apenas em contos.
Minha pele hoje queima sozinha. Poucos raios de sol me alcançam.
Minha mente insegura cria raízes na nascente de um rio conhecido e já explorado.
Mas a varanda recua e apenas metade de meus pés se apóiam.
Elas querem ver o mar, as asas têm saudade do canto das francas.
O vento trás novos odores de lírios e damasco.
Cheiro que vem de onde o sol nasce um dia antes.
Acaricia meu rosto a brisa aveludada, conforta-me em seu calor.
Sussurra no meu ouvido “desbrave-se”.

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